terça-feira, 28 de março de 2017

Que deus.




- Ora, que deus é esse?
- E que deus você esperava que nós crêssemos? Não vê que somos criaturas tão diferentes em relação às demais criaturas do planeta? Buscamos deus fora do planeta: sol, lua, chuva, estrelas, etc. Loucos são os que tentam se afastar desse deus, se aproximam da animalidade, se diminuem e cada vez mais parecem com as outras criaturas desse planeta. Veja que até mesmo quem se diz ateu, o diz por que precisa ver, contemplar um deus bem além dessa realidade, bem além das explicações científicas. Na verdade, nem aceitamos os deuses de outras pessoas, pois o nosso deus tem que ser bem superior que o pensamento das pessoas. Quanto mais “louca” a ideia de deus, mais perto estamos do verdadeiro deus. Fico louco com quem tenta ganhar o favor de deus com oferendas animais, com ofertas financeiras, com velas e etc. Não temos como agradar a deus com as coisas desse planeta, meu caro, você tem que ofertar o além do homem, o além da terra. É por isso que a fé é algo em comum em muitos pensamentos religiosos, talvez em todos. E o que é a fé? A fé é não estar limitado ao planeta, ao tempo-espaço. A fé é o poder que o humano tem de projetar-se além do humano, além de sua finitude. Pode chama-la também de esperança. É isso, meu caro, mas não me venha com essa idiotice de um deus humano demasiadamente humano. Não, isso não é deus é apenas loucura, é o humano tornando-se animal. O deus que nós cremos não pode ser reduzido a nada, por que ele está além do que é redutível. Ele não pode estar num lugar, pois um lugar é algo reduzido. Ele não pode nem mesmo “estar”, pois “estar” é uma condição física. Loucos o que dizem: deus é amor. Não, não, deus não pode ser definido, pois definição implica redução.
- Ora, pare com isso, assim não dá nem para pensarmos na possibilidade de sua existência!

- Isso, é isso, é tão absurdo que parece nem existir!

A primeira edição

          Assim se deu o diálogo entre dois velhos amigos: - É apenas um livro. - Não, não é apenas um livro, mas a primeira e...