- Alô, pai?
- Oi, filho. Não deu pra eu
ir.
- Tudo bem.
- Sua mãe me disse que a
igreja tava cheia, né?
- Sim.
-
Ela disse que sua pregação foi uma grande benção. Filho, você é uma grande
benção!
-
Obrigado, pai.
-
Quer falar com ela?
-
Não, eu...
-
Algum problema com as crianças?
-
Não, pai, tá tudo bem.
-
O que é? Parece triste, o que foi?
-
Ah, papai...
-
Fala, filho.
-
Lembra que você me disse certa vez que em algum momento aquilo poderia
acontecer?
-
O que, filho? Conversamos tantas coisas.
-
Sim, papai, aquilo, lembra? Está acontecendo, pai. Lembro que você me disse que
poderia acontecer em qualquer momento, mas é mais comum quando tudo parece
estar bem. Quando pensamos que estamos no paraíso, daí, eis que as portas do
inferno se abrem. Então, papai, está acontecendo agora. Quando tudo me parece
bem, minha família perfeita, meu ministério abençoado, mas as portas do inferno
se abriram, papai. Não estou sabendo lidar com isso. Papai!
-
Filho, estou aqui, não te abandonei. De certa forma sempre esperei por este
dia, estou aqui, filho. Vamos passar por este deserto juntos.