- Foi você quem escreveu aquele livro?
- Foi.
- E você pensa daquele jeito mesmo?
- Qual?
- Igual aquele sujeito que dizia...
- Não sei, preciso rever como ele pensava...
- Ora, mas não foi você quem escreveu?
- Já disse que sim.
- Então, por que diz que precisa rever?
- Ora, preciso me reencontrar com esse cidadão que você citou...
- Mas ele é você!
- Não, eu sou eu e ele é ele...
- Mas ele é sua criação!
- Não, eu relatei apenas o que ele pensa...
- Ah, entendi. Qual personagem é você naquele livro?
- Nenhum.
- Nenhum? Seja sincero!
- Estou sendo, meu caro. Sou apenas um escriba. Transcrevo apenas o que ouço.
- Tá. Então onde me encontro com esse sujeito para saber por que ele pensa daquele jeito?
- Ah, ele está por toda parte.